Emily
I did it my way
-I just wanna... - Emily tentava continuar o ritmo da música.
I just wanna live while I'm alive
-It's my life... - Emily fechou os olhos e começou a sentir o vento bater na sua face.
It's my life.
Ela respirou fundo e abriu os olhos novamente.
Andava numa floresta, que ficava logo ao lado da cidade, cheia de animais inofensivos, insetos, folhas de árvores que balançavam com o vento e uma coisa em especial... liberdade.
Liberdade.
Era o que Emily não tinha devido sua ideologia de vida, a qual era bem diferente da de adolescentes normais.
Só sua camisa simbolizando o anarquismo já dizia tudo. Para ela o governo era só algo que impedia as pessoas de viverem como reais pessoas, as quais eram bobas de mais para perceber isto.
Enquanto pensava na vida, ela caminhava entra as árvores até chegar num rio não muito grande perto de onde estava.
Chegando lá ela sentou debaixo de uma árvore que a protegia do sol triunfante nos céus, jogando seus raios reluzentes nos animais, nas árvores e na água do rio, fazendo-o brilhar.
Ficou um longo tempo apenas observando o rio ensolarado, sem pensar em mais nada além de como aquilo era lindo.
De repente, o celular vibrou no bolso de sua calça, tirando a calma do lugar.
Onde você está, Emily? Saiu sem avisar a Joyce? Temos que conversar sobre ontem.
Responda quando puder,
Mãe.
''Tudo bem mãe. Só não vá falar que jogar whisky em um assassino seja só uma fase'', ela pensou.
Floresta. Vejo vc dps
Emi
''Muito fria, talvez?'' ela pensou sobre a mensagem.
Floresta. Vejo vc dps
Emi #anarquia
''Agora sim.''
Ela clicou em enviar.
Depois de enviar a mensagem ela avistou algumas pedras próximas de onde estava e olhou para o rio.
''Por que não?''
Ela pegou as pedras e começou a joga-las no rio com a maior força que podia.
''Eu sei que você consegue ir mais longe pedrinha, vai!'' ela jogou mais uma pedra.
As pedras haviam quase se esgotado. Sobrara apenas uma pedra.
Esta, ela jogou com tanta força que ultrapassou o rio e caiu na grama, do outro lado (o rio não era muito grande).
-É! Isso! - Ela gritou pra toda a floresta. - E mais um ponto pra Emily Vick! E a torcida vai a loucura! - Ela gritou, pulando e sorrindo.
''Aja como uma pessoa normal, Emily. Lembre-se dos padrões da sociedade... aja como uma pessoa normal Emily... tira essa camiseta de doida... deixa o cabelo natural e coloca luzes, vai ficar bonita...'' - Ela ficava lembrando do que diziam a ela. ''Desculpem, mas hoje não vai dar... e talvez nunca.''
Ela ficou mais um tempo apreciando o rio e resolveu rumar pra trilha que sempre fazia na floresta.
''Trilhos de trem, aí vou eu!''
Enquanto caminhava pra lá, o celular vibrou de novo no bolso.
Ela checou e haviam duas mensagens.
''Quero você aqui antes das nove.
Abraços,
Mãe.''
''Ok mãe. Direi aos ursos pra me procurarem mais cedo hoje então.'' - Ela olhou pros dois lados. ''Sem ursos por hoje, ainda bem.'' - pensou, aliviada.
''Vamos pra próxima mensagem então.''
Atualização Softw...
Ela nem terminou de ler.
''Até agora, tudo normal.''
Ela caminhou mais e chegou nos trilhos de trem.
O metal dos trilhos brilhava por causa do sol e as árvores fechavam a paisagem atrás de Emily. Na frente, ela possuía uma grande vista para o pôr-do-sol e uma chance perfeita de tirar uma foto.
''Live while we're young.'' ela pensou.
Ela pegou o celular e tirou uma foto, mostrando a língua para a câmera com as árvores fazendo um belíssimo fundo atrás.
''Não tá tão ruim.'' - Ela examinou a foto. ''Eu deveria ser fotógrafa.''
Ela desviou os olhos do celular e olhou para o pôr do sol.
Ela viu um grande círculo amarelo brilhante cortado ao meio, o qual as árvores traziam para baixo.
-É lindo... - Ela sorriu.
''Hora da diversão.''
Ela caminhou nos trilhos de trem com os braços abertos, tendo o maior cuidado aonde pisava.
Ela caminhava como uma profissional, sentindo a brisa fria do inverno que fazia seu corpo tremer.
O sol acompanhava seu ritmo e parecia que descia mais devagar.
''I want you
Yeah I want you
And nothing comes close'' - Seu pensamento cantava.
Yeah I want you
And nothing comes close'' - Seu pensamento cantava.
Depois de andar muito sobre os trilhos, colocar moedas neles para que os trens as esmagassem e ter uma profunda reflexão sobre a vida, ela ficou cansada.
-É Em, hora de voltar. - Ela falou baixo e lembrou das mensagens da mãe. - Preparando-me pra grande conversa...
Enquanto rumava de volta para casa, pela floresta, ela avistou uma grande árvore. Nunca havia visto uma árvore tão grande como essa.
''Cara! Eu tenho que subir aí!''
Já estava de noite.
Ela começou a subir nos galhos fortes e a subir na árvore gigante.
Quando já estava na metade, ela pensou que a árvore não era tão grande assim.
''Quanto mais você sobe, menor fica o objetivo... cara, que profundo.'' - Ela soltou um riso gostoso de se ouvir.
-Ouviu isso? - Uma voz feminina falava em baixo da árvore.
Emily ficou sem saber o que fazer. Seriam pessoas acampando?
-Shhh... talvez seja um urso querendo nos matar... - A outra voz, desta vez masculina, respondeu.
-Para, seu bobo! - A voz feminina riu e Emily também conseguiu ouvir um barulho de um tapa na outra voz.
Se fez um pouco de silêncio depois disso.
Emily apenas ouvia barulho de galhos quebrando, provavelmente de passos.
Os dois se distanciavam.
''Nunca vem ninguém aqui... talvez eu devesse falar com esses caras. Talvez sejam gente boa.'' A ideia não parecia muito boa na cabeça dela mas ela insistiu em executa-la.
Ela desceu da árvore cuidadosamente e começou a seguir as vozes ouvindo o barulho dos passos.
Fazia isto no maior silêncio possível, se escondendo atrás das árvores.
''É sempre bom prevenir.'' Ela pensou.
Depois de segui-los por algum tempo, ela avistou o rio novamente.
-Aqui é lindo. - A voz feminina disse.
-Mais lindo do que seus olhos verdes e seu cabelo enrolado? - A outra voz respondeu, envolvendo seus braços na garota.
-Não sei... mas também não é mais lindo do que nossas bocas juntas.
''Ok, isso é um pouco meloso...'' - Era o pensamento de Emily.
Os dois se beijaram.
Emily chegou mais perto para ver os rostos das pessoas.
Ela viu um rapaz alto de cabelo grande (e com boné) de costas e uma menina doce, alta, de cabelos enrolados e castanhos com olhinhos verdes, olhando e admirando tudo em volta.
''É a garota da TV...'' - Emily pegou fôlego. - ''Não pode ser coincidência... já a vi duas vezes...''
Emily, agora determinada, chegou mais perto cautelosamente para iniciar um diálogo.
Seu celular vibrou na hora.
''Droga.'' - Ela, rapidamente, voltou para trás de uma das árvores.
-O que foi isso, Jack? - A voz feminina disse.
-Fica tranquila, provavelmente é algum animal. - Disse Jack, tentando acalma-la.
-Aqui tem animais? Tipo, animais selvagens?
-Tem esquilos que podem roer seus cabelos de noite... cuidado.
Os dois riram.
''Esse cara não é nada engraçado.'' Pensou Emily, aliviada.
Ela esperou um pouco e foi ver a mensagem.
Emily, onde você está? Já está quase na hora de voltar...
Mãe
Enquanto ela lia, ela ouviu um barulho de água e um grito.
Quando foi ver o que era, viu o casal rindo e jogando água um no outro, dentro do rio.
-Você vai me dar uma roupa nova, olha o que você fez! - A voz da menina era delicada e após dizer estas palavras ela soltou uma grande gargalhada.
-Tudo bem pra mim se você pagar o meu boné. - Jack riu também. Para Emily, a risada dele não era tão bonita quanto a da menina.
''Ok Em, se você não chegar em casa daqui a pouco, sua mãe vai te matar. Ou talvez esse cara me mate se eu falar que a namorada dele é a mais gata que eu já vi...'' - Ela estava indecisa. - ''Já sei.'' - Uma ideia nada genial lhe veio a cabeça.
Ela, de súbito, pegou o celular e apontou para o casal (mais especificamente, para a garota) e tirou uma foto.
Ela examinava a foto com cuidado.
''Ela ilumina esse rio ainda mais que o sol.''
Emily foi para trás devagar e caminhou até sua casa.
