O que eu não sabia, era que meu dia não ia seguir bem uma rotina que eu estou acostumada a seguir. Ele seria um dia que mudaria minha vida para sempre.
Bem, quando minha mãe me deixou na escola, eu me sentei encostada no portão da escola fechado, sem fazer nada além de ficar contando os carros que por ali passavam ou sentindo frio por causa dos ventos congelantes que por ali passavam. Só era eu naquele momento, apenas eu, sem nenhum estudante além de mim esperando o portão abrir.
Com o tempo, fui achando tedioso a espera e achei que o homem com a única função de abrir o portão e cuidar dele deveria ser demitido, porque a única função dele não foi desempenhada corretamente. Consultei meu celular e vi que ele estava atrasado dez minutos - Neste meio tempo que se passou, alguns estudantes começaram a se aglomerar perto do portão, mas nenhum com o qual eu tivesse amizade. -.
-Ei, Elian... - Uma voz tentou acertar meu nome, sem sucesso.
-Elizabeth. - Eu corrigi com um pouco de constrangimento. Como assim você chega numa pessoa e não sabe pelo menos o nome dela? Pelo menos se não sabe, não precisa chutar ou adivinhar qual é. Argh!
-Ah, sim, desculpe... - Um menino negro baixinho de cabelo espetado que parecia ser do nono ano passou a mão nos cabelos duros como aço e pareceu constrangido também. - Você pode me falar quantas horas são?
-7:00 - Eu disse, consultando novamente o celular.
Neste exato momento, pelo cúmulo dos clichês, o portão se abriu. Woow, quanta coincidência! Será que o homem do portão - Vou me referir a ele assim, pois não sei o nome dele. - estava esperando alguém perguntar o horário pra ele ser o salvador da pátria e abrir, com suas fortes e esbeltas mãos, com a força de seus longos braços, o portão? Enfim, viajei de novo.
Eu fui a primeira a passar pelo portão, cumprimentando o homem do portão e passando pela entrada da escola, que possuía várias cadeiras presas na parede e alguns cartazes e banners de esportes escolares e jogos da escola. Vi eles com a atenção que damos ao oxigênio - Nenhuma, como já havia dito. -.
Pois bem, depois de contemplar os cartazes e banners, fui até a minha sala e fiquei esperando o professor - Ou algum aluno - como de costume. Ninguém havia chegado ainda e a bateria do meu celular estava quase acabando, o que reduziu minha lista de coisas a fazer enquanto esperava. A lista teria chegado ao fim, se não fosse por um livro de romance que guardava na minha mochila pra ler - Ou tentar ler - sempre que não tivesse meu celular.
Tirei o livro de capa dura com a escrita ''Atração por paixão'', que constava na capa um homem forte de cabelos negros segurando uma menina baixinha de cabelos louros ao vento - E com um pôr do sol de fundo -. Eu abri ele na página que tinha parado e neste momento, neste exato momento, uma pessoa que eu nunca vi na vida chegou na sala segurando uma mochila preta só com um ombro. Era uma menina alta que usava uma jaqueta de couro preta com as mangas até o cotovelo, com uma blusa branca que parecia ser de regata. Ela também usava um colar de uma estrela brilhante e tinha várias pulseiras nos braços, com um pequeno grande detalhe de ter um chapéu feminino um pouco pequeno sobre seus cabelos negros - Que se estendiam até os ombros -.
Eu não falei nada, apenas segui ela com meus olhos. Ela andava para o fundo da sala enquanto me observava com os olhos azuis, junto com um sorriso discreto e uma levantada super linda de sobrancelhas, e quando chegou na última carteira da primeira fileira, jogou sua mochila na mesa, puxou a cadeira pra trás, se sentou nela e colocou os pés sobre a mesa, enquanto ainda me observava com o sorriso - Agora um pouco menos discreto. -.
-Bom dia, flores do dia! - Finalmente, o professor Vicki havia chegado na sala, sendo seguido por vários alunos da sala.
Para poupar vocês da chatice de uma aula de sociologia, a única parte que vou citar da aula do professor Vicki é quando ele se vira pra menina do chapéu e diz:
-E você.... - Ele fazia um gesto com a mão e deixava claro que ele queria saber o nome da menina.
-Ashley. Ashley Martinez. - A menina olhou pro professor e depois olhou pra mim, por algum motivo que nem eu mesmo sei. Porém, não vou mentir que seus olhos azuis não me davam arrepios por tamanha beleza.
-Ah sim, vejo que se consta aqui na minha ficha... - O professor puxou os óculos da camisa e os colocou. - bem, Ashley, é nova aqui não é mesmo?
-Sou. - A sala inteira olhava pra ela, contemplando sua beleza e sua voz. - Mudei de escola por alguns probleminhas.
-Espero que estes ''probleminhas'' não sejam de comportamento. - O professor Vicki brincou.
-Não se preocupe, são outros. - Ela finalizou a conversa, agora com a voz mais séria.
Vou pular também as aulas de literatura e geografia, porque tudo aconteceu da mesma maneira que acontecia: o professor chegava, explicava a matéria, eu anotava e fim.
Quando deu o sinal do intervalo, eu peguei meu livro Atração por Paixão, fui pra sala de entrada e me sentei lá naquelas cadeiras grudadas na parede. Eu ia até comprar alguma coisa pra comer, mas a fila estava gigantescamente gigante, então resolvi cruzar as pernas e abrir meu livro para continuar a leitura. Passados uns 15 minutos depois de eu ter aberto o livro e não ter lido mais que duas páginas - Você já sabe o motivo -, comecei a suar e ficar um pouco nervosa, porque já tinha lido e relido essas duas páginas umas 5 vezes. Então ouvi o barulho de uma pessoa se sentando do meu lado.
Era Ashley.
Ela observou a capa do meu livro por uns segundos e depois voltou os olhos azuis pra mim.
-Tendo dificuldades pra ler aí? - Ela fez aquele sorriso discreto.
-Ah... eu, não. - Coloquei uma mecha do meu cabelo que estava me incomodando atrás da orelha de nervoso. - Por quê?
-Porque eu estou te observando a algum tempinho e você não passou nenhuma página do livro... - Ela observou novamente a capa do livro. - Atração por paixão. As palavras são muito difíceis pra você?
-Não. Eu só... sei lá, gosto de ler com atenção. - Escondi a verdade, não menti. -
-O Matthew é um amor, não acha? - Ela começou outro assunto, com a voz sugestiva.
-Matthew? - Fiquei sem entender.
-O Matthew do livro. Ele é um amor, não acha? - Ela falava, confiante.
Me toquei e me senti muito, mas muito lerda.
-Você já leu o livro? - Perguntei, com as bochechas vermelhas.
-Li no ano passado. Você vai se impressionar com o final. - Neste momento o sinal pra voltar para a sala bateu. - Bem, recomendo que preste menos atenção nos detalhes e leia a história com mais rapidez. O autor não é muito de esconder enigmas ou coisas importantes em detalhes. - Ela levantou as sobrancelhas e se levantou da cadeira, andando com suas botas de couro pretas até a sala.
Eu fiquei olhando pra ela com a expressão de ''Que garota é essa?''
