Duas jovens arqueiras caminhavam sobre o telhado das casas da vila, no meio daquela escuridão passariam despercebidas pela guarda real que protegia uma das casas do rei.
-Não entendo porque o rei manda eles pra cá, a casa já perdeu seu valor faz tempo.
-Talvez seja pelo que ele guarda lá dentro.
-O que tem de tão importante lá? Quer dar uma olhada?
-Acho melhor só irmos pra floresta para marcar as árvores.
Uma das jovens pega uma flecha da sua aljava e a joga pra cima pegando-a no ar com sua mão livre.
-Preciso falar com o Heitor, ele anda me vendendo ponta de flechas cegas.
Heitor era o ferreiro da vila, muito habilidoso por sinal.
-Provavelmente essas foram feitas pelo filho dele, o menino tem que seguir os passos do pai.
-Não sei não, se continuar desse jeito ele não vai ter muito futuro.
Elas continuaram caminhando silenciosamente até chegarem aos portões da vila.
-O que você usa pra marcar as árvores?
-Normalmente faço um X com a ponta de uma flecha.
-Não fica difícil saber qual madeira é boa assim a noite?
-É só dar umas batidinhas no tronco, se for maciço é um bom sinal, se estiver oca provavelmente já apodreceu.
-Kera, você não sente falta dos nossos roubos? Das emoções? Eu sinto falta de toda a adrenalina.
-As vezes sim, outras não, depende do meu humor. E Isabel, não me chame pelo meu primeiro nome, você sabe muito bem que eu não gosto dele.
-Tudo bem, Dona Ibelin.
Kera balançou a cabeça em sinal de satisfação.
-Agora vamos, essas árvores não vão se marcar sozinhas
Kera-
-Vamos nos separar, você vai pro norte e eu pro sul, ok?
-Ok.
Isabel saiu andando calmamente pro norte enquanto girava uma flecha na ponta das mãos.
Era bom conversar com Isabel, mas as vezes ela fazia perguntas demais, sempre sem entender, era cansativo.
Fui pro sul procurando algumas árvores, eu precisava achar no mínimo umas 4 até o começo da manhã, pra que lenhadores me pagassem a quantia certa de moedas de prata, se todas as árvores serem realmente boas, eu poderia comprar um arco novo, pensando bem, eu posso simplesmente roubar um.
Meus pensamentos foram interrompidos por um som de movimentação no mato vindo da minha direita, saquei o arco tão rapidamente que fiquei impressionada comigo mesma. Atirei duas flechas na mesma direção do som, não acertei nada, sem enxergar direito por conta da noite, tive que me basear na audição pra tentar me defender, outro som, era de um javali em movimento, e ele estava vindo na minha direção, atirei mais uma, duas, três flechas e não o acertei, pulei em um galho, só tinha mais 3 flechas na aljava, até que eu consegui o ver, ele era um dos maiores javalis que eu já havia visto, ou o maior, ele ficou lá, dando voltas a baixo de mim, fiquei observando sua silhueta de cima, ele era bem gordo, se eu o mata-se sem ferir muito a carne poderia vender para o açougueiro da vila, tirei uma flecha e mirei na cabeça, tentando ficar o mais concentrada possível, mas era difícil manter o equilíbrio e mirar ao mesmo tempo. Antes de eu atirar ouço ele soltar um gemido de dor, até que vejo uma flecha na sua lombar, ele solta outro som, mais uma flecha, na terceira flechada ele finalmente cai.
-Kera? Você está bem?
-Sim estou, como você chegou até mim?
-Eu estava caminhando e vi movimento nos galhos das árvores, resolvi dar uma olhada, e bum, era você, e tinha um javali em baixo, presumi que a senhora estava em apuros.
-Não me chame de senhora.
-Desculpe, senhorita.
Dei um suspiro de impaciência.
-E de nada, por te salvar, e ainda te ajudar com esse negócio das árvores.
-Acho o jeito que você fala tão informal.
-Obrigado!
Outro suspiro.
-E ei, os lenhadores sabem que você é procurada pela guarda real?
-Eles não precisam saber.
-Hmm, entendi.
-Vamos preciso marcar mais duas árvores.
-Não precisa, eu marquei sete.
-Tem certeza de que são boas?
-Sim, Absoluta.
Disse depois deu um sorriso de orelha a orelha, não sei como ela conseguia ser sempre tão alegre.
-Ainda falta 2 horas pra amanhecer, quer fazer algo?
-Defina algo.
-Hmm, roubar algumas flechas, dessa vez afiadas, ou talvez invadir a casa do rei pra dar uma olhada no que tem lá dentro, agora que já terminamos o trabalho na floresta, não tem nada melhor pra fazer, não é mesmo?
Isabel sendo Isabel, não aguentava não ficar longe de confusão.
-Ok, mas se algo der errado, saiba que a culpa é sua.
-Assumo toda a culpa, dona Kera.
-Ei.
-Ah, quer dizer, Ibelin.
Autor: nem sei o que to fazendo aqui, meu pc estragou o mouse e não tinha nada melhor pra fazer, enfim, aproveitem sz
