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As Estrelas do Verão #6


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1 resposta a este tópico

#1 LordSnow -Ramsay

LordSnow -Ramsay

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Publicado 04 outubro 2017 - 20:19

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  No dia seguinte minha mãe me acordou como sempre (E como sempre, outra terrível noite de sono) e me beijou na testa - Uma coisa que não acontecia muito na hora em que ela me acordava. - 

-Sabe que dia é amanhã, querida? - Ela perguntou pra mim, sorrindo.

-Sexta-feira? - Respondi com voz de sono.

-Tente de novo... 

Só aí que fui me dar conta.

-Meu aniversário. - Lembrei. - Tinha até esquecido dele... - E me sentei na cama.

-Tem algum projeto pra ele? Uma festinha com suas amigas, quem sabe...

''Que amigas?'' foi o que eu pensei, mas é claro que não falei isso.

-É, vou pensar. - Disse, desanimada.

-Só não demore muito pra me dizer hein! - Ela projetou o corpo para sair do meu quarto.

-Ei, mãe. - Chamei ela.

Ela olhou pra mim.

-Mais 5 minutos? É meu aniversário amanhã... 

-Amanhã, não hoje. - Ela riu e saiu do quarto.

  Então refiz minha rotina, coloquei minha couraça de combate (uniforme) e rumei pra cozinha para tomar meu capuccino frio como de costume. Chegando lá, peguei ele com descuido e como a descuidada que eu sou, deixei ele cair no meu uniforme branco. Você leu direito? B r a n c o.

  Minha mãe chegou na cozinha e viu a cena do café jogado no chão e minha blusa de uniforme marrom, olhou pra mim e acho que fez uma tremenda força pra não me xingar - Até porque, amanhã seria meu aniversário -, então eu me dei conta de que fazer aniversário tinha ao menos uma vantagem: As pessoas terem mais paciência com você.

-Tudo bem querida, coloque outra blusa que eu lavo essa... - Ela tirou os olhos do meu uniforme e olhou pro chão. - E limpo o chão. 

-Foi mal. - Falei e subi as escadas, indo pro meu quarto.

  Chegando lá, abri as gavetas onde ficavam as blusas de uniforme e pra minha surpresa não tinha nenhuma. Nenhuma única blusa.

-Mãe! - Gritei desesperada.

Minha mãe veio correndo no meu quarto e chegou lá ofegante.

-O que foi querida? - Ela se encostou na porta do meu quarto e respirou fundo.

-Não. Tem. Mais. Blusas. De. Uniforme. - Falei, ainda com desespero.

Minha mãe lançou um olhar preocupante nos meus olhos que já dizia tudo.

-O que foi? - Eu já sabia a resposta.

-As outras estão lavando... estão molhadas e...

-Me dá uma delas. - Interrompi. - É bem melhor ser vista com uma blusa molhada do que uma cheia de café.

-Querida. - Ela tentou falar com calma. - Por uma série de motivos, e principalmente pra você não se gripar um dia antes do seu aniversário, você não vai com uma blusa molhada pra escola.

  E passei a detestar meus aniversários novamente.

  Minha mãe saiu do quarto desconcertada e eu vi que tinha que encarar um dia na escola com o uniforme manchado de capuccino. Não é um sonho meu, mas é pegar ou largar - Eu preferia largar se tivesse a chance -. 

  Então arrumei meus cabelos o máximo que podia pra ficar ao menos bonita, porque feia com um uniforme naquele estado era impossível de aturar um conjunto de 360 minutos de pura sonolência chamado escola.

  Depois que fiquei como uma princesa em roupas de camponeses, escovei os dentes e bati a escova algumas vezes na pia pra limpa-la, só que não contei direito quantas e fiquei num dilema mortal: refazer a contagem e bater exatas 4 vezes a escova na pia ou deixar tudo de lado e ir pro carro da minha mãe?

  Fiquei parada algum tempo, segurando a escova até que ouvi um grito do andar debaixo.

-Liz! Já estou indo! - Era minha mãe.

  Comecei a suar e decidi que não ia refazer a contagem. Coloquei a escova no copo onde ficava e como uma rebelde sem causa, me senti estranhamente forte e bem por não ter seguido a Lucine. 

  Antes de ir até o encontro da minha mãe, abri o guarda-roupa e peguei uma blusa de frio azul que tinha e coloquei por cima do meu uniforme ''caputinizado''.

  Depois que eu cheguei na escola, não tinha ninguém, como sempre, no portão da escola.

-Olha filha, se estiver muito calor com essa blusa... - Minha mãe tentou iniciar um diálogo, ainda no carro.

-Eu não vou tirar essa blusa de frio por nada. - Fiz um compromisso a mim mesma. 

Dei um beijo na bochecha da minha mãe, desci do carro e fiquei encostada no portão, esperando o mesmo abrir. Minha mãe ligou o carro novamente e foi pro seu trabalho, me deixando sozinha com o O². 

  Não passou muito tempo até eu começar a pensar no caso da escova, e comecei a ficar preocupada. Tipo, eu não bati a escova 4 vezes na pia, eu fui muito idiota. O meu dia já tinha começado horrível e eu fiz uma coisa pior ainda, que ia prejudicar o resto do meu dia agora.

''A primeira coisa que eu vou fazer quando chegar em casa é bater a escova de dentes 4 vezes na pia'' pensei, preocupada com que tipo de experiência humilhante e terrível o mundo iria me fazer por ter desobedecido a Lucine.

  Me sentei no chão - Ainda encostada na parede - e tirei o livro Paixão por Atração da minha mochila pra tentar descontrair um pouco.

  Você deve estar pensando que eu sou uma idiota, por mesmo na minha condição de TOC eu ainda insistir em continuar tentando ler, mas eu meio que chamo isso de persistência. Sempre quando eu pego um livro em minhas mãos eu fico na esperança de ''Desta vez eu vou ler normalmente'', mas acaba que nunca acontece - Mas não desisto por isso -. E também, é a única coisa que tenho pra me entreter.

  Uma coisa interessante é que eu tenho esse TOC só com esse tipo de livro. Eu não tento desenhar os pontos na minha cabeça em livros didáticos ou até nas minhas obras literárias, isso só acontece no livro de outras pessoas (e que não sejam didáticos). Eu sei, é estranho.

  Eu estava lendo o livro quando, de repente, não mais que de repente, vi que tinham duas pernas na minha frente, imóveis.

  Olhei pra cima e...

-Página? - Ashley perguntou.

Olhei pro livro pra ver a página em que estava.

-22. E bom dia pra você também.

Ela riu e se sentou do meu lado.

-Então quer dizer que você está na mesma página de ontem? - Ela fez uma pausa. - E bom dia. - Ela fez aquele sorriso discreto e levantou as sobrancelhas pra mim. 

-É. - Fiz uma pausa. - E bom dia. - Sorri discretamente também.

-A quanto tempo você tá aqui? 

-Há uns 10 minutos. 

Ela não disse nada, apenas desviou o olhar de mim e começou a olhar pros carros que passavam.

-E você não tá sentindo calor? - Ela perguntou. - Tipo, não sei se você percebeu mas eu tô com uma camisa regata e estou morrendo de calor.

-Hmm... não. Da pra aguentar - Eu sabia que daqui a mais ou menos uns 30 minutos eu estaria derretendo como um picolé.

  A Ashley estava com a mesma roupa de ontem, com as mesmas pulseiras, com o mesmo colar, com as mesmas botas e com o mesmo chapéu.

  Ela chegou um pouco mais perto de mim e nossos ombros estavam se encostando, um do lado do outro agora.

  Eu olhei pra ela e ela continuou a olhar pro movimento dos carros, ninguém dizendo nada.

-Você sabe dirigir? - Ela me fez outra pergunta -.

-Sei. - Respondi. - Eu sou a melhor piloto de velotrol da América. 

Ela riu e olhou pra mim.

-Tem alguma coisa pra fazer amanhã? - Ela perguntou.

-Bem, eu tenho um bolo de aniversário me esperando de noite, mas antes disso nada.

-Então é seu aniversário amanhã? - Ela pareceu surpresa.

-É. Tipo, eu não curto muito aniversários mas... nada que possamos fazer pra evita-los, não é? - Eu olhei pra ela e o sorriso discreto dela tinha aumentado.

-Amanhã às 14:00. Marcado? - Ela levantou o punho pra mim.

-Marcado. - Levantei o punho e o bati no dela. 

  Me senti bem feliz por ter recebido ao menos um convite pra fazer algo. Eu não conhecia ela direito, não sabia qual era a cor favorita dela, não sabia se ela assistia séries, não sabia se ela gostava de estrelas, mas eu me senti confortável ao lado dela e aceitei sem ao menos pensar sobre essa questão. Mamãe também ficaria bastante feliz por eu finalmente sair de casa com uma amiga, então pra mim aquilo estava fazendo meu dia.

  Um tempo depois disso o portão se abriu e o homem do portão me barrou quando eu e Ashley tentamos entrar.

-O que foi? - Perguntei pra ele e Ashley parou logo do meu lado.

-Sem blusas que não são da escola. - Ele virou pra Ashley. - Isto vale pra você também, Ashley. Semana que vem com o uniforme ou não entra.

-Ei ei, sou uma novata. É assim que vocês tratam os novatos? Quanto carisma... - Ashley falou com sarcasmo pra ele. - E vai, deixa ela entrar, é só um dia. Que mal faria?

  Ele fez que não com a cabeça e estendeu a mão pra mim, esperando eu lhe entregar a blusa de frio.

  Tirei a blusa de frio e entreguei pra ele, deixando exposto meu uniforme manchado de capuccino. Na mesma hora pensei ''Então é isso que o mundo estava guardando pra mim? Valeu, Lucine.''

  O homem do portão pegou a blusa de frio e guardou ela numa espécie de armário que tinha na entrada enquanto Ashley analisava meu uniforme.

-Bem, acho que não foi o calor que te fez usar a blusa. - Ashley disse e voltamos a andar pra sala.

-É, capuccino é delicioso mas é um saco pra limpar. - Falei carregada de desânimo.

-Concordo. - Ficamos um momento em silêncio. - Olha, se eu estivesse de uniforme eu até trocaria com você mas... bem... - Ela apontou pra camisa regata dela e pra jaqueta de couro.

-Não tem problema, valeu. - Falei, meio desconcertada.

  Depois que chegamos na sala outras pessoas começaram a chegar também e meu uniforme se tornou a atração do dia. Riam dele - Alguns disfarçavam, mas eu ainda conseguia ouvir aquelas zombarias. - , zombavam de min, faziam piadinhas sem graça e eu fingia rir junto com eles, quando, na verdade, eu sentia decepção e frustração dentro das minhas entranhas e dos meus sentimentos.

  Quando o professor chegou, a situação conseguiu piorar ainda. O professor Erne estava dando sua aula de química, quando centralizou o olhar no meu uniforme e comentou com a sala:

-Se vocês fossem apressados como a Elizabeth pra chegarem rápidos na minha aula assim, daria pontos extra pra todos vocês. - E a sala riu e os que - dificilmente - não tinham reparado no meu uniforme, começaram a reparar.

  É horrível você ser o centro das zombarias e das piadinhas sem graça das pessoas, principalmente quando se é adolescente. Esse papo de ''sou um adolescente e não me importo com a opinião alheia'' é a maior bobagem que eu já escutei na vida, todo mundo se importa, todo mundo sente, todo mundo sofre. 

  Você pode achar que é bobagem, mas eu só não chorei porque não queria passar ainda mais vergonha. Eu sou uma pessoa sensível, acredite ou não, e só de pensar que no intervalo todo mundo - Até os pirralhos do ensino fundamental - ia me atacar com seus comentários, já fiquei com um frio na barriga e um sentimento de enjoo.

  Lhe dou uma dica: Se você não tem intimidade o suficiente com uma pessoa pra saber se ela se sente confortável ou não com determinada situação em que estão brincando com um erro dela ou com algo como o que eu passei, simplesmente feche sua boca e não comente nada. Não importa se você se sente na obrigação de debochar dessa pessoa pra os seus amigos te acharem super engraçado, simplesmente não faça algo que você não gostaria de sofrer.

  Eu não estou simplesmente fazendo uma tempestade num copo d'água, eu só estou dizendo a realidade. Se vocês soubessem como as palavras, usadas de uma forma errada, machucam alguém, vocês teriam receio de dizer até um ''bom dia''. 

  

 

 

 


  • PROFESSORA, walt13 e Ashie curtem isto

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#2 ursinhagamer

ursinhagamer

    Idiota com boas intenções

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Publicado 13 outubro 2017 - 12:48

Poh Ramsay, sua obsessão por mim é tão grande, estou ficando assustada.

Estou no aguarde do livro completo
  • LordSnow -Ramsay e RuiOliveira curtem isto
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