Bem pessoal, há um tempo atrás eu fiz 6 capítulos sobre minha história ''As Estrelas do Verão'' e parei de publica-la para continuar com ela sem a obrigação de posta-la aqui toda semana (ou até todos os dias). No momento a história se encontra com 68 páginas e ainda tenho grandes planos para ela, mas para quem se interessava na trama, aqui deixo uma série de ''Cartas de Ashley'' (coadjuvante da história Estrelas do Verão) e um pouquinho do seu ''eu'' antes de Elizabeth.
Ashley 1.7
Como é possível o rio secar
Se das minhas lágrimas a nascente vem a aflorar
É intrigante como você marca presença
Mesmo quando quem te marca é a ausência
Despedaçada em pedaços de vidro, estou assim
Meus dedos não te sentem mas meus olhos sim
Vestida sobre o preto sereno
Para as estrelas aceno.
O lápis caiu sobre a mesa suja e bagunçada, com vários papéis esparramados sobre ela do meu quarto, quando olhei pro lado e vi ele lá. Bonito como sempre com seus olhos verdes tão brilhantes como a estrela de Sirius e seu cabelo castanho claro bagunçado para a esquerda junto ao seu enorme sorriso inspirando alegrias e doces gargalhadas.
-Você iria gostar dela. – Sorri pra ele.
Sem resposta.
-Ela é legal. – Cocei o cabelo. – Tipo, não tanto quanto você, é claro mas... é.
Sem resposta.
Sorri pra ele e quis o abraçar, mas não podia. Era inútil, assim como minha função no planeta.
-Quem eu quero enganar? – Levantei da cadeira e fui até a janela do meu quarto minúsculo ver as estrelas noturnas.
O céu estava coberto pelas nuvens negras que faziam cair o choro dele mesmo, sem nenhuma estrela visível.
Abri a janela e me debrucei sobre ela, sentindo o ar frio cortar minha pele e meu ar indo pra longe de mim até que estendi minha mão sobre os pingos que caíam violentamente nos traços da palma da minha mão e fiquei lá por algum tempo, apenas atentando um dia chuvoso normal para mim.
Olhei pro meu pescoço e percebi que não sentia nada nele. Não tinha nada nele.
Olhei para ele, novamente me vigiando com os olhos cheio de fascínio e de esperança. Um belo garoto.
Meus olhos se encheram de agonia e, sobretudo, de lágrimas que faziam um desenho em declínio sobre minha face.
De súbito as lágrimas e o sentimento de tristeza se tornaram desgosto e raiva.
Cerrei os punhos e apertei meus dentes uns nos outros, começando a chutar a parede até que a tinta que restava lá saísse. Sentia que meu pé doía mais do que eu fazia algum efeito na parede, mas continuei, mesmo com os ossos do meu pé me implorando para parar.
A cada chute eu aumentava a força e fazia um estrondo mais audível na casa.
-Seu idiota. Idiota. – Gritei para ele.
As lágrimas começaram cair novamente e eu fechei a janela com força e dei um soco nela.
Sem efeito.
-Idiota, idiota, idiota! – Dei mais um soco.
O vidro trincou e minhas articulações ficaram doloridas.
-Idiota! – Dei mais um soco forte.
E o vidro se quebrou, jogando pedaços de si para fora da casa e indo diretamente para a chuva. Alguns fragmentos caíram sobre o piso de meu quarto, e eu pude ver sangue neles.
Olhei pro meu punho e vi que ele estava cortado. Um corte feio. E sangrando mais do que deveria.
Ainda não contente, dei outro soco com minha outra mão no vidro que ainda estava na janela e acidentalmente acabei acertando um caco de vidro. Isso doeu mais do que eu podia sentir a dor.
-Idiota! – Gritei mais uma vez e caí de joelhos sobre o som da chuva.
-Ashley?! – Minha mãe chutou a porta do meu quarto e me viu caída, com o punho sangrando, chorando com pedaços de vidro trincado ao meu redor. – Filha...
Ela se aproximou de mim para me abraçar e eu continuei gritando a palavra ‘’Idiota’’.
Seus braços me cercaram e colocaram minha cabeça sobre o peito dela, me acolhendo.
Bem, eu queria passar alguma coisa que aumentasse a autoestima de vocês ou melhorassem quem vocês são, mas infelizmente eu só fui aprender esse tipo de coisa em trilhos de trem.